Para alem da apropriação dos meios de produção? : o processo de adequação socio-tecnica em fabricas recuperadas
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Esta dissertacao apresenta as conclusoes e o percurso teorico metodologico de uma pesquisa financiada pela Fapesp realizada em 8 Fabricas Recuperadas (FRs) brasileiras, argentinas e uruguaias para identificar processos de Adequacao Socio-Tecnica (AST). No plano teorico, iniciou-se pela avaliacao da concepcao, entre outras, da corrente principal do marxismo, que acredita que as forcas produtivas seguem um caminho inexoravel e podem ser usadas numa eventual sociedade socialista. Provavelmente por isso, os partidarios da Economia Solidaria acreditam que a tecnologia convencional, engendrada sob a egide das relacoes sociais de producao capitalistas para atender a logica de acumulacao das grandes empresas, pode ser usada sem significativas modificacoes nos empreendimentos autogestionarios que preconizam. Baseado na visao daqueles que revisitando o enfoque da construcao social da tecnologia argumentam no sentido antagonico, e nos estudos sobre aprendizagem tecnico-economica latino-americanos, concebemos o conceito de AST. Ele pode ser entendido como um processo inverso ao da construcao socio - tecnica, em que um artefato tecnologico sofreria um processo de adequacao aos valores e interesses politicos de grupos sociais relevantes, distintos daqueles que originalmente participaram de sua construcao. Na pesquisa empirica, observamos que as FRs, apesar de inseridas no sistema produtor de mercadorias e tendendo a reproduzir as relacoes de trabalho herdadas, promoveram processos de AST nos âmbitos de a) software: mudancas de natureza cultural ligadas a reparticao do excedente (i.e., retiradas mais proximas ou igualitarias), adequacao parcial da fabrica aos interesses dos trabalhadores, apropriacao do conhecimento do processo produtivo sem modificacao da divisao do trabalho; b) orgware: apropriacao do conhecimento do processo produtivo com modificacao da divisao do trabalho; c) hardware: aquisicao de maquinario, adaptacoes e repotenciamento. As FRs observadas, embora tenham promovido processos que se inserem na tipologia de sete modalidades de AST propostas na metodologia desenvolvida na pesquisa, parecem encontrar obstaculos devido: a) a naturalizacao da organizacao do processo de trabalho pelos cooperados, b) ao fetiche da tecnologia, que leva a que se acredite que a ultima tecnologia e sempre a melhor e se ignore seu carater relacional, c) ao tempo necessario para uma transformacao significativa das forcas produtivas e da forma de reparticao do excedente, d) aos constrangimentos impostos pelo mercado capitalista
Abstract
[1] Wellington de Oliveira. PARA ALÉM DO CAPITAL , 2004 .
[2] David F. Noble. La locura de la automatización , 2001 .
[3] David F. Noble. Una visión diferente del progreso: en defensa del luddismo , 2000 .
[4] G. Lukács. The process of democratization , 1991 .