Este artigo apresenta e discute resultados de uma pesquisa sobre cuidadores de adolescentes com deficiencia (fisica e mental) em um dispositivo de atencao diario implantado recentemente pela prefeitura do Rio de Janeiro. O objetivo foi compreender como a atividade de trabalho dos cuidadores (naturalizada e invisibilizada por sua associacao com o trabalho domestico-maternal) relaciona-se ao processo saude-doenca vivenciado por eles. O metodo utilizado combinou observacoes do trabalho, entrevistas individuais e coletivas semi-estruturadas, utilizando a perspectiva ergologica e, principalmente, de seus conceitos de normas antecedentes e renormatizacoes, como eixo de analise. Apontamos como principais resultados: prescricoes naturalizadas de cuidado; excessiva intensidade na realizacao do trabalho; problemas no planejamento e na gestao do tempo no servico; construcao da cooperacao entre os cuidadores, que assegura, ainda que de forma precaria, a realizacao do trabalho; grande proximidade afetiva com os usuarios como exigencia do trabalho e como importante operador do processo saude-doenca e de geracao de sentido no/do trabalho. Entende-se que o fato de o trabalho de cuidado ser visto como natural, "parental", contribui para a oferta insuficiente de instrumentos (teoricos e praticos) para essa pratica profissional. A pouca qualificacao parece gerar aumento nos riscos a saude desses trabalhadores, uma vez que eles tem acesso restrito a tecnicas e condicoes de trabalho que possibilitariam realiza-lo de forma mais proficua. Assim, esses fatores, associados a invisibilidade do trabalho relacional ai empreendido, acabam provocando uma fragilizacao da luta pela saude, da capacidade de recriacao das normas no trabalho.