A clínica em odontologia: nexos e desconexões com a clínica ampliada de saúde bucal

Resumo Este trabalho visou compreender a representação que a clínica assume nas práticas odontológicas, em um município de médio porte do estado de Santa Catarina. Estudo qualitativo, cujos participantes foram 20 cirurgiões-dentistas vinculados aos serviços públicos de saúde bucal. Os dados foram coletados por meio de três grupos focais. O material gravado por áudio foi transcrito e analisado pela hermenêutica-dialética. Na primeira categoria de análise - concepção sobre clínica -, os participantes demonstraram dificuldade para formular um conceito para a clínica, traduzindo-a como o desenvolvimento de procedimentos técnicos, entendidos como essenciais neste tipo de prática para os dentistas. Integralidade e resolubilidade apareceram como elementos centrais, mas assumem uma visão odontocentrada. Na categoria “recursos e organização da clínica odontológica”, observou-se as vantagens da utilização do prontuário eletrônico e as limitações da divisão de abas que restringe o acesso de informações. Na sistemática de atendimento, há pouco espaço para escuta e o odontograma desponta como sinônimo de plano de tratamento, reforçando o caráter dentarizado das práticas desenvolvidas. O estudo mostrou dificuldades diversas para incorporação da clínica, seja ela compreendida nos moldes tradicionais ou de maneira ampliada, nas práticas desenvolvidas pelos participantes do estudo.

[1]  N. Chalmers,et al.  Person-centered care model in dentistry , 2018, BMC oral health.

[2]  C. Botazzo O conhecimento pelas mãos , 2018 .

[3]  A. Spielman,et al.  Person-Centered Care: Opportunities and Challenges for Academic Dental Institutions and Programs. , 2017, Journal of dental education.

[4]  Simone Rennó Junqueira,et al.  Projeto Inovação na Produção do Cuidado em Saúde Bucal , 2017 .

[5]  Simone Rennó Junqueira,et al.  A clínica do corpo sem boca , 2016 .

[6]  Fabiana Schneider Pires,et al.  Organização tecnológica do trabalho em saúde bucal no SUS: uma arqueologia da política nacional de saúde bucal , 2015 .

[7]  C. Botazzo,et al.  Subjetividade e clínica na atenção básica: narrativas, histórias de vida e realidade social , 2011 .

[8]  E. Mendes As redes de atenção à saúde , 2010 .

[9]  G. W. Campos Saúde, sociedade e o SUS: o imperativo do sujeito , 2009 .

[10]  S. Moysés,et al.  Oral health in the family health strategy: a change of practices or semantics diversionism. , 2009, Revista de saude publica.

[11]  N. Vieira,et al.  Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS: uma revisão conceitual , 2007 .

[12]  R. Watt From victim blaming to upstream action: tackling the social determinants of oral health inequalities. , 2007, Community dentistry and oral epidemiology.

[13]  Marluce Maria Araújo Assis,et al.  Da fragmentação à integralidade: construindo e (des)construindo a prática de saúde bucal no Programa de Saúde da Família (PSF) de Alagoinhas, BA , 2006 .

[14]  G. W. Campos,et al.  Application of Paideia methodology to institutional support, matrix support and expanded clinical practice , 2014 .

[15]  G. Pucca,et al.  Oral health policies in Brazil. , 2009, Brazilian oral research.

[16]  Gustavo de Oliveira Figueiredo,et al.  Ideologia, fetiche e utopia na saúde: uma análise a partir da saúde bucal , 2003 .

[17]  C. Dunker Clínica, linguagem e subjetividade , 2000 .