Censo SBN 2002: informações epidemiológicas das unidades de diálise do Brasil

A epidemiologia da insuficiencia renal cronica e da terapia de substituicao renal (TRS) apresenta evolucao continua. Em 1999, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) introduziu o Censo SBN para coletar dados operacionais das unidades de dialise do Brasil. Esta rotina foi repetida nos anos subsequentes, produzindo dados sobre o comportamento evolutivo do perfil dos servicos de dialise e da TRS. Objetivo :Apresentar os dados consolidados do Censo SBN 2002, comparando-os aos obtidos nos censos de 1999 a 2001. Metodos :Analise de questionario padrao enviado em de novembro de 2002 as unidades registradas na SBN. Foram obtidas respostas de 560 das 561 unidades cadastradas. Resultados:Em 2002, existiam 561 unidades de dialise no Brasil (3,2 unidades por milhao de habitantes, sendo 62, 1 por cento servicos privados e 18,1 por cento filantropicos), operadas por 2.812 nefrologistas, 8.849 profissionais de enfermagem e 2.162 funcionarios administrativos. Foi relatada a existencia de 11.367 maquinas de hemodialise (96,5por cento do tipo proporcao), abastecidas por agua tratada por osmose reversa em 90,9 pro cento dos centros. Eram 54.523 pacientes mantidos em dialise (prevalencia de 312 pacientes pmp), sendo 48.874 em hemodialise (89,6por cento), 3.728 em CAPD (6,8por cento) e 1.570 em DPA (2,9 por cento). A prevalencia de sorologia para o HbsAg era de 3,2por cento, para o anti-HCV de 15,4 por cento e anti-HIV de 0,51 por cento. No periodo 1999-2002, houve um crescimento de pontos de maquinas de hemodialise, nefrologistas e no numero absoluto de pacientes de 30,8 por cento, 16,7 pro cento e de 27,7 por cento, respectivamente. Havia uma grande iniquidade na distribuicao de centros,equipamentos e prevalencia entre as cinco regioes brasileiras. A prevalencia em TRS no Brasil tambem e pequena quando comparada internacionalmente. Conclusoes : O projeto Censo SBN 2002 mostrou a infra-estrutura das unidades de dialise do pais com um crescente numero de pacientes, gerando informacoes epidemiologicas basicas evolutivas. Sao marcantes as assimetrias regionais, a baixa prevalencia nacional e o progressivo endividamento financeiro dos servicos. Tais informacoes sao importantes para a avaliacao da TRS no pais e nortear projetos e recursos que proporcionem um a melhor atencao medica aos pacientes com IRC.