Qualidade da Anticoagulação Oral em Pacientes com Fibrilação Atrial em um Hospital Terciário no Brasil

Resumo Fundamento A fibrilação atrial (FA) afeta de 0,5% a 2,0% da população geral e geralmente está associada a doenças estruturais cardíacas, comprometimento hemodinâmico e complicações tromboembólicas. A anticoagulação oral previne eventos tromboembólicos e é monitorada pela razão normalizada internacional (RNI). Objetivos Avaliar a estabilidade do RNI em pacientes com FA não valvar tratados com anticoagulante varfarina, avaliar complicações tromboembólicas ou hemorrágicas e identificar o grupo com risco mais alto de eventos tromboembólicos ou hemorrágicos. Métodos Dados de prontuários médicos de 203 pacientes atendidos em um hospital terciário no Brasil foram analisados e o tempo de intervalo terapêutico (TTR) foi calculado usando-se o método Rosendaal. Em seguida possíveis fatores que influenciam o TTR foram analisados e a relação entre TTR e eventos tromboembólicos ou hemorrágicos foi calculada. O nível de significância foi 5%. Resultados O TTR médio foi 52,2%. Pacientes com instabilidade de RNI na fase de adaptação tinham um TTR médio mais baixo (46,8%) do que aqueles sem instabilidade (53,9%). Entre os pacientes estudados, 6,9% sofreram eventos hemorrágicos e 8,4% tiveram um acidente vascular cerebral. O grupo com risco mais alto de acidente vascular cerebral e sangramento era composto de pacientes com instabilidade de RNI na fase de adaptação. Conclusões A qualidade da anticoagulação nesse hospital terciário no Brasil é semelhante à de centros de países em desenvolvimento. Pacientes com instabilidade de RNI maior na fase de adaptação evoluíram para um TTR médio mais baixo durante o acompanhamento, tinham uma chance de acidente vascular cerebral 4,94 vezes maior e uma chance de sangramento 3,35 vezes maior. Portanto, para esse grupo de pacientes, individualizar a escolha de tratamento anticoagulante seria recomendado, considerando-se a relação custo-benefício.

[1]  Sandy Park,et al.  Real-World Adherence and Persistence to Direct Oral Anticoagulants in Patients With Atrial Fibrillation , 2020, Circulation. Cardiovascular quality and outcomes.

[2]  A. Ribeiro,et al.  Economic evaluation of the new oral anticoagulants for the prevention of thromboembolic events: a cost-minimization analysis , 2016, São Paulo medical journal = Revista paulista de medicina.

[3]  M. Streiff,et al.  Effects of anticoagulation provider continuity on time in therapeutic range for warfarin patients , 2016, Journal of Thrombosis and Thrombolysis.

[4]  M. Scanavacca,et al.  II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial , 2016 .

[5]  D. Singer,et al.  Patients' time in therapeutic range on warfarin among US patients with atrial fibrillation: Results from ORBIT-AF registry. , 2015, American heart journal.

[6]  Manesh R. Patel,et al.  Alternative Calculations of Individual Patient Time in Therapeutic Range While Taking Warfarin: Results From the ROCKET AF Trial , 2015, Journal of the American Heart Association.

[7]  J. F. Ferreira,et al.  Revisão sistemática das análises custo‐efetividade dos novos anticoagulantes orais na prevenção do acidente vascular cerebral na fibrilhação auricular , 2015 .

[8]  Gregory Y H Lip,et al.  Prevalence of atrial fibrillation in the general population and in high-risk groups: the ECHOES study. , 2012, Europace : European pacing, arrhythmias, and cardiac electrophysiology : journal of the working groups on cardiac pacing, arrhythmias, and cardiac cellular electrophysiology of the European Society of Cardiology.

[9]  Jason C. Fish,et al.  Evidence-based management of anticoagulant therapy: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. , 2012, Chest.

[10]  P. Wolf,et al.  Epidemiologic assessment of chronic atrial fibrillation and risk of stroke: The Framingham Study , 2011, Neurology.

[11]  D. Atar,et al.  Apixaban versus warfarin in patients with atrial fibrillation. , 2011, The New England journal of medicine.

[12]  S. Yusuf,et al.  Dabigatran versus warfarin in patients with atrial fibrillation. , 2009, The New England journal of medicine.

[13]  Gregory W Albers,et al.  Comparison of outcomes among patients randomized to warfarin therapy according to anticoagulant control: results from SPORTIF III and V. , 2007, Archives of internal medicine.

[14]  J. McMurray,et al.  Cost of an emerging epidemic: an economic analysis of atrial fibrillation in the UK , 2004, Heart.

[15]  Yuchiao Chang,et al.  Effect of intensity of oral anticoagulation on stroke severity and mortality in atrial fibrillation. , 2003, The New England journal of medicine.

[16]  J. Ferro Cardioembolic stroke: an update , 2003, The Lancet Neurology.

[17]  J. Gorter,et al.  Major bleeding during anticoagulation after cerebral ischemia , 1999, Neurology.

[18]  D. Singer,et al.  An analysis of the lowest effective intensity of prophylactic anticoagulation for patients with nonrheumatic atrial fibrillation. , 1996, The New England journal of medicine.

[19]  F R Rosendaal,et al.  A Method to Determine the Optimal Intensity of Oral Anticoagulant Therapy , 1993, Thrombosis and Haemostasis.

[20]  M Gent,et al.  Canadian Atrial Fibrillation Anticoagulation (CAFA) Study. , 1991, Journal of the American College of Cardiology.

[21]  W G Stevenson,et al.  Prognostic Significance of Atrial Fibrillation in Advanced Heart Failure: A Study of 390 Patients , 1991, Circulation.

[22]  P. Wolf,et al.  Epidemiologic assessment of chronic atrial fibrillation and risk of stroke , 1978, Neurology.

[23]  Georgette M. Charles,et al.  Anticoagulation Therapy in Patients with Non-valvular Atrial Fibrillation in a Private Setting in Brazil: A Real-World Study , 2020 .

[24]  F. García-Bragado Dalmau [Oral Rivaroxaban for the treatment of symptomatic pulmonary embolism]. , 2013, Revista clinica espanola.