Este trabalho aborda a formacao discursiva da Tecnologia Educacional no campo da Saude, isto e, dos saberes acerca dos meios, processos, metodos, tecnicas e recursos, materiais e simbolicos, que constituem as praticas de educacao na saude. O objetivo da pesquisa foi compreender os repertorios teoricos e enunciados acerca da Tecnologia Educacional, os diferentes dominios de saber que os delimitam, suas continuidades e descontinuidades historicas. O discurso da Tecnologia Educacional emergiu na primeira metade do seculo XX e foi integrado ao campo da saude, no Brasil, em 1972, com a institucionalizacao do Nucleo de Tecnologia Educacional para a Saude da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como um lugar discursivo, o Nucleo de Tecnologia Educacional para a Saude guarda um rico acervo de documentos que possibilita compreender a relacao da formacao discursiva das Tecnologias Educacionais com o contexto historico, politico e social de construcao do Sistema Unico de Saude. Assim, por meio de uma pesquisa que ultrapassa as preocupacoes positivistas da prova exata, datada e verdadeira, este trabalho aborda o documento como um produto historico fabricado nas relacoes sociais de poder. Foram selecionados artigos, livros, dissertacoes, teses, leis, normas e relatorios tecnicos que permitiram identificar enunciados e avaliar as continuidades e descontinuidades discursivas, e sob quais dominios de saber a Tecnologia Educacional se inscreveu, historicamente, no campo da Saude. Conclui-se que o Nucleo de Tecnologia Educacional para a Saude se articula com os arquivos da educacao e da saude, e que a formacao discursiva da Tecnologia Educacional atravessa tres dominios de saber: a Instrucao Programada, a Integracao Ensino-Servico e a Educacao em Saude. Esses dominios colocam em disputa diferentes enunciados e formas de entender a Tecnologia Educacional. No entanto, nao operam necessariamente de forma separada, podem, em alguns momentos, se sobrepor ou ativar elementos de outros dominios. Mas existe uma descontinuidade significativa, marcada pela passagem de uma visao tecnicista, que se formou no contexto do governo militar e da teoria do capital humano, para uma visao critica, que se formou no contexto do movimento da reforma sanitaria brasileira e de constituicao do SUS.