INTRODUCAO: Durante anos, as alteracoes hematologicas que ocorrem na esquistossomose mansonica hepatoesplenica vem sendo definidas como hiperesplenismo. Inicialmente, acreditava-se que apenas a remocao do baco normalizava os valores hematologicos, entretanto, em cirurgias para o tratamento da hipertensao porta nas quais o baco era preservado, observou-se normalizacao dos valores hematimetricos. Cabe correlacionar o quadro clinico e laboratorial para definir a real existencia de hiperesplenismo. METODO: Foram estudados 51 doentes portadores de hipertensao porta por esquistossomose mansonica distribuidos em cinco grupos: Grupo 1- pacientes nao operados e em controle clinico, Grupo 2- pacientes submetidos a anastomose esplenorrenal distal, Grupo 3 - pacientes com esplenectomia subtotal e anastomose esplenorrenal proximal, Grupo 4 - pacientes com esplenectomia total e anastomose esplenorrenal proximal e Grupo 5 - pacientes com esplenectomia total e desconexao porta-varizes. Sinais clinicos de hiperesplenismo foram pesquisados em todos os doentes. Os valores hematologicos e as contagens das imunoglobulinas do pre e do pos-operatorio foram comparados pelos testes de Friedman e t para amostras emparelhadas. Os grupos foram comparados pelo teste de Kruskal-Wallis, com significância p< 0,05. RESULTADOS: As medias dos valores hematimetricos dos doentes mostraram leucopenia, plaquetopenia e elevacao do tempo de protrombina no periodo pre-operatorio. Esses pacientes apresentavam eventuais episodios de sangramento pelas varizes esofagicas e gastricas. Nenhum deles teve sinais de coagulopatia ou sepse, apesar de os valores hematologicos estarem alterados. Em todos os grupos operados, os valores da hematimetria, da leucometria, o numero de plaquetas e o tempo de protombina do periodo pos-operatorio melhoraram em relacao ao periodo pre-operatorio. No pos-operatorio, a contagem das imunoglobulinas IgM, IgG e IgA foi normal. CONCLUSAO: Pacientes com hipertensao porta esquistossomatica e citopenia periferica nao podem ser classificados como portadores de hiperesplenismo, mas de pancitopenia por esplenomegalia consequente ao represamento sanguineo, por dificuldade na drenagem sanguinea porta.
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