"UM BOM LUGAR SE CONSTRÓI COM HUMILDADE, É BOM LEMBRAR”: estudo descritivo e comparativo da produção estética audiovisual de videoclipes de intérpretes e grupos brasileiros de rap entre o início da década de 1990 e final da década de 2010.
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O presente trabalho tem o intuito em realizar apontamentos e trilhar caminhos para observacoes comparativas a respeito da producao de videoclipes de interpretes e grupos brasileiros de Rap, elaborados em meados do inicio da decada de 1990 e final da decada de 2010. Nesta primeira etapa da pesquisa, foram selecionados preliminarmente dez produtos audiovisuais para a presente investigacao (Racionais MC’s Negro Drama, Sabotagem, Sistema Negro, Froid, Sant, Djonga, Poetas No Topo, entre outros interpretes, grupos e coletivos de Rap) nos quais e possivel notar diferencas esteticas, tematicas e filmicas entre os periodos citados, justificados pela insercao de tecnicas e tecnologias nos processos de producao, captacao e edicao sonora e imagetica dos videoclipes e cancoes difundida (Teperman, 2015). Ressalta-se que no intervalo temporal selecionado, e possivel notar a ascensao do Rap no brasil e em seu estado mais recente. Pimentel (2000) diz que o Rap chegou ao Brasil no inicio dos anos 80 e se caracterizou como autentica trilha sonora da periferia, sendo acolhida pela juventude pobre e afrodescendente dos grandes centros como representante de suas ideias e experiencias cotidianas. As cancoes sao permeadas por expressoes locais e exprimem o universo da periferia sempre a partir de uma perspectiva pessoal, de forma tal que toma a condicao de exclusao como objeto de denuncia e reflexao (Canclini, 1997). Deve ser levado em conta que os rappers brasileiros realizaram uma critica ao mito da democracia racial, denunciaram o racismo e a marginalizacao da populacao negra e pobre, procurando reelaborar a identidade negra de forma positiva. Por isso, o Rap e concebido neste estudo como um instrumento politico de uma juventude excluida (Andrade, 1999), um manifesto, que penetra no cotidiano dos excluidos para descrever com poesia aquilo que e aparentemente desprovido dela. A respeito dos videoclipes e possivel notar que os primeiros materiais sao formados por cenas em locais perifericos ou exibicao de imagens realizadas em shows ou eventos publicos. Porem, ao realizar uma ligeira pesquisa de clipes no YouTube, e possivel encontrar playlists extensas de videos com variadas tecnicas sofisticadas de producao audiovisual, utilizacao de detalhadas palhetas de cores, imagens captadas com alta qualidade de resolucao e profundidades, emprego de cenarios urbanos e figurinos completamente distintos daqueles que os clipes produzidos na decada de 90. Tais nuances causam conflitos em espacos de interacao (midias sociais, em especial nos comentarios do Youtube e grupos especificos de discussao) entre os fas e os proprios interpretes, dividindo-os entre os mais conservadores (que preferem o “antigo” modo das imagens, com cenas e interpretacoes em ambientes das regioes perifericas, como vielas e favelas) e os mais inovadores (aqueles que preferem narrativas elaboradas e descoladas das cancoes, discorrendo em espacos urbanos publicos e privados, numa descaracterizacao da critica social que a cancao apresenta). Sao formas que indicam uma possivel adaptacao dos produtos musicais as plataformas de consumo audiovisual, tornando o videoclipe como um objeto de consumo esteticamente distinto aquelas que o Rap brasileiro consolidou (Wajnman, 2016; Soares, 2012). Embora esteja na etapa inicial, a metodologia de pesquisa utilizada para o presente estudo sera a bibliografica, qualitativa (videoclipes selecionados) e audiovisual, com o intuito de discutir a algumas as principais contribuicoes teoricas acerca da linguagem do videoclipe, em especial a emergencia de narrativas, construcao sentidos e significados em tal material audiovisual (Rodriguez, 2013), considerando o contexto do Rap brasileiro em um espaco de vinte anos de obras musicais, transformadas em videoclipes