Laceração perineal associada ao uso de ocitocina exógena perineal

Objective: to analyze the occurrence of perineal lacerations associated with the use of synthetic oxytocin in labor. Method: a retrospective, descriptive and exploratory study, with a quantitative approach, carried out in a public maternity hospital. Data collection took place in the medical records of women who had a natural birth. For the data analysis, the Microsoft® Excel 2010 program was used. Data was analyzed through descriptive, inferential and analytical statistics, presented in tables. Results: 281 medical records were analyzed, with a rate of oxytocin use in 42.7% of deliveries; 93.6% of the women who used oxytocin had their delivery in the horizontal position. 91.7% of deliveries with synthetic oxytocin were followed by medical professionals and the incidence of episiotomy was 18.5%. Conclusion: there was no relationship between spontaneous perineal lacerations and exogenous oxytocin use, but, it was possible to relate it to the use of horizontal delivery, analgesia and episiotomy. Descriptors: Humanizing Delivery; Perineum; Lacerations; Oxytocin. RESUMEN Objetivo: analizar la incidencia de laceraciones perineales asociadas con el uso de oxitocina sintética en el trabajo. Método: estudio retrospectivo, descriptivo y exploratorio, con un enfoque cuantitativo, realizado en una maternidad pública. La recolección de datos llevó a cabo en registros médicos de mujeres que tuvieron parto natural. Para análisis de los datos, se utilizaron el Microsoft® Excel 2010. Los datos se analizaron mediante estadística descriptiva, inferencial y analítica, presentados en tablas. Resultados: se analizaron 281 prontuarios, con una tasa de uso de la oxitocina de 42,7% de los partos; 93,6% de las mujeres que utilizaron la oxitocina tuvieron el parto en posición horizontal. 91.7% de partos conducidos con oxitocina sintética fueron acompañados por profesionales médicos y la incidencia de episiotomía fue 18,5%. Conclusión: no había ninguna relación entre laceraciones perineales espontáneas y utilización de oxitocina exógena, pero, era posible relacionarse al uso de parto horizontal, analgesia y episiotomía. Descriptores: Parto Humanizado; Perineo; Laceraciones; Oxitocina. 1Enfermeira Obstetra, Coordenadora de Enfermagem, Maternidade Aristina Cândida. Senador Canedo (GO), Brasil. E-mail: lorenabernardes.enf@hotmail.com; 2Enfermeiro Obstetra, Mestre em Ciências Ambientais e Saúde Doutorando em Psicologia, Pontífice Universidade Católica/PUC. Goiânia (GO), Brasil. E-mail: diegovmattos@hotmail.com; 3Enfermeira Obstetra, Professora Doutora em Psicologia. Departamento de Enfermagem, Pontífice Universidade Católica/PUC. Goiânia (GO), Brasil. E-mail: liegio@ih.com.br; Enfermeira Obstetra, Professora Doutora em Enfermagem, Faculdade de Enfermagem / Mestrado Profissional Ensino na Saúde, Universidade Federal de Goiás/UFGO. Goiânia (GO), Brasil. E-mail: cleusa.alves@gmail.com ARTIGO ORIGINAL Oliveira LB de, Mattos DV de, Matão MEL et al. Laceração perineal associado ao uso de... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(6):2273-8, jun., 2017 2274 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.10827-96111-1-ED.1106201703 Desde 1996, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou um guia prático sobre a maternidade segura. Este documento classifica a assistência obstétrica em quatro categorias: a) práticas claramente úteis e que deveriam ser encorajadas; b) práticas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas; c) práticas sem evidência suficiente para apoiar uma recomendação e que deveriam ser usadas com precaução, enquanto pesquisas adicionais comprovem o assunto e d) práticas frequentemente utilizadas de forma inapropriada, provocando mais dano que benefício. Na intenção de reforçar e incentivar o uso das boas práticas recomendadas pela OMS, em 2011, o Ministério da Saúde, por meio da Área Técnica de Atenção à Saúde da Mulher, lançou a Rede Cegonha. A estratégia busca proporcionar às mulheres saúde, qualidade de vida e bem-estar durante a gestação, parto, pós-parto, bem como o desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Dentre as práticas utilizadas, consideradas como claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas, ressalta-se a administração de ocitócitos em qualquer momento antes do parto, de um modo que não permita controlar seus efeitos. A ocitocina é um hormônio que tem a finalidade de iniciar ou aumentar as contrações rítmicas a qualquer momento da gravidez, embora a resposta uterina seja maior quanto mais próximo do final da gestação. A infusão endovenosa tem sido o método mais utilizado para indução e condução do trabalho de parto, desde sua introdução por Page, em 1943. A condução medicalizada do parto pode produzir efeitos adversos como a taquissistolia, hipertonia e hiperestimulação uterina, podendo provocar, inclusive, a rotura uterina. Para o feto, o mais frequente efeito colateral é o sofrimento fetal agudo, motivado pela redução da perfusão sanguínea no espaço interviloso por taquissistolia e/ou hipertonia. Os efeitos colaterais dependem da dosagem, do aumento do gotejamento e o tempo de uso da medicação. Estudo realizado em 2009, com uma revisão de dados clínicos e farmacológicos sobre a droga, ressaltou que as recomendações para a administração da ocitocina eram vagas no que se refere à indicação, tempo de uso, dosagem e ao monitoramento dos efeitos colaterais. Evidenciou, também, que o uso indiscriminado da ocitocina hoje em dia se dá por conveniência do médico ou da paciente. Nenhuma outra área da medicina apoia que uma droga potencialmente perigosa seja administrada para acelerar o alcance de um processo fisiológico que, se deixado por conta própria, seria geralmente alcançado sem incorrer no risco da administração de uma droga. O trauma na região perineal ocorre durante a expulsão fetal e pode ser classificado em episiotomia e lacerações perineais espontâneas. A laceração perineal é uma solução de continuidade de tecidos vulvovaginais e perineais, com extensão e profundidade diferentes, podendo atingir mucosa, pele e músculos dessas estruturas da anatomia feminina. As lacerações perineais são classificadas em relação à profundidade e aos tecidos afetados. As lacerações de primeiro grau atingem apenas a pele ou a mucosa. Nas de segundo grau, feixes musculares também sofrem alguma solução de continuidade. Quando a laceração atinge o esfíncter anal, é considerada de terceiro grau. Caso haja lesão envolvendo a mucosa retal, é considerada de quarto grau. Os fatores associados às lacerações perineais podem ser subdivididos em: condições maternas (idade, etnia, paridade, preparo do períneo na gravidez, altura do períneo e episiotomia em parto anterior); condições fetais (peso, perímetro cefálico, apresentação, variedade de posição e diâmetro biacromial) e condições assistenciais (posição materna, duração do período expulsivo, puxos dirigidos, proteção perineal e manejo do feto, profissional que presta a assistência, suporte emocional e uso de ocitocina sintética). Nesse sentido, este estudo tem como objetivo analisar a ocorrência de lacerações perineais associadas ao uso de ocitocina sintética no trabalho de parto. Estudo retrospectivo, descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa, realizado por meio de prontuários de mulheres que tiveram parto natural em uma maternidade pública em Goiânia (GO), Brasil. A coleta de dados aconteceu nos meses de janeiro e fevereiro de 2016, sendo analisados os documentos hospitalares de mulheres que tiveram parto normal no último trimestre de 2014, período de maior internação na unidade. No instrumento de coleta, foram abordadas as seguintes variáveis: perfil socioeconômico INTRODUÇÃO

[1]  M. Jonsson Induction of twin pregnancy and the risk of caesarean delivery: a cohort study , 2015, BMC Pregnancy and Childbirth.

[2]  C. Roberts,et al.  Knowledge, attitude and experience of episiotomy use among obstetricians and midwives in Viet Nam , 2015, BMC Pregnancy and Childbirth.

[3]  S. Oliveira,et al.  Localização das lacerações perineais no parto normal em mulheres primíparas , 2014 .

[4]  Nádia Zanon Narchi,et al.  O papel das obstetrizes e enfermeiras obstetras na promoção da maternidade segura no Brasil , 2013 .

[5]  K. Keeton,et al.  Methods of induction of labour: a systematic review , 2011, BMC pregnancy and childbirth.

[6]  Marcia Duarte Koiffman,et al.  Use of hyaluronidase to prevent perineal trauma during spontaneous births: a randomized, placebo-controlled, double-blind, clinical trial. , 2011, Journal of midwifery & women's health.

[7]  Steven L. Clark,et al.  Ocitocina: novas perspectivas para uma droga antiga , 2010 .

[8]  Cleusa Alves Martins,et al.  O enfermeiro obstetra no parto domiciliar planejado , 2016 .

[9]  A. Bezerra,et al.  Partograma: instrumento para segurança na assistência obstétrica , 2013 .

[10]  W. Fraser,et al.  Early amniotomy and early oxytocin for prevention of, or therapy for, delay in first stage spontaneous labour compared with routine care. , 2012, The Cochrane database of systematic reviews.

[11]  Octavio Muniz da Costa Vargens,et al.  Relacao entre posicao adotada pela mulher no parto, integridade perineal e vitalidade do recem-nascido , 2008 .

[12]  G. Carroli,et al.  Episiotomy for vaginal birth. , 1999, Birth.