O acidente da plataforma de petróleo Deepwater Horizon após 12 anos: análise com foco na dimensão coletiva do trabalho e nos fatores organizacionais

O acidente com a plataforma Deepwater Horizon, em 2010, é considerado o maior desastre do século no setor de óleo e gás. Esse evento teve como consequências 11 trabalhadores mortos, 17 feridos, perda total da unidade e maior desastre ambiental no Golfo do México (Estados Unidos). A literatura existente abarca seus impactos ambientais, químicos, biológicos e econômicos, concentrando-se nas causas imediatas, ou seja, situações próximas no tempo e no espaço do evento, em especial erros humanos e falhas técnicas. Tal abordagem se dá em detrimento da identificação de possíveis causas subjacentes, que remetem a fatores gerenciais e organizacionais. O objetivo deste ensaio é responder à pergunta: que fatores teriam contribuído para a ocorrência do desastre que acometeu a plataforma, considerando-se a relevância da dimensão coletiva do trabalho? Nosso aporte teórico-metodológico se baseia na ergonomia da atividade e na psicodinâmica do trabalho, valorizando também a condução sinérgica da relação entre os saberes das ciências e da experiência dos trabalhadores, como propõe a perspectiva ergológica. Foram identificadas falhas de decisão tomadas por quem se situa à ponta do processo, na operação de sistemas de alta complexidade, mas que não devem ser vistas como ponto de chegada, e sim de partida na análise de grandes acidentes. O entendimento de tais decisões demanda a compreensão das representações construídas pelos trabalhadores, inclusive em sua dimensão coletiva e compartilhada. A comunicação (ou lacunas de comunicação) entre os trabalhadores e fatores organizacionais no contexto do acidente são aspectos essenciais a serem considerados na análise de eventos que envolvem sistemas complexos.

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