Plataformização do trabalho em mercado periférico: uma análise ergológica de implicações nas condições de vida e de trabalho de motoristas e entregadores/as no contexto brasileiro

Em um quadro em que se constata a ampliação exponencial da exploração do trabalho por plataformas digitais e de discussões sobre a relação de funcionalidade entre os mercados centrais e periféricos de trabalho, propõe-se aqui uma análise do trabalho de entregadores/as e motoristas por aplicativos no contexto social, político e econômico brasileiro. O objetivo é identificar normas e valores em circulação nas experiências dos trabalhadores no entrecruzamento de seus contextos de vida e trabalho. Com base no referencial teórico da Ergologia, realizou-se uma pesquisa qualitativa com vistas à aproximação das vivências e atividades dos sujeitos por meio de entrevistas semiestruturadas. Os resultados apontam valores em circulação nos debates de normas que entram em conflito entre o ideal de liberdade anunciado pelas empresas-plataforma, o controle e o direcionamento do trabalho operado por elas via gerenciamento algorítmico e a iminência de perda da fonte de sustento. Afirma-se, afirma-se a importância da construção de caminhos coletivos de produção da saúde, seja no âmbito macrossocial ou na experiência concreta e cotidiana de trabalho.

[1]  Ludmila Costhek Abílio,et al.  Uberização e plataformização do trabalho no Brasil: conceitos, processos e formas , 2021, Sociologias.

[2]  D. Alvarez,et al.  Uma análise das normas antecedentes e reservas de alternativas mobilizadas na atividade de motoristas e entregadores por aplicativos , 2021, Laboreal.

[3]  Rafael Grohmann,et al.  Struggles of Delivery Workers in Brazil: Working Conditions and Collective Organization during the Pandemic , 2021, Journal of Labor and Society.

[4]  Ludmila Costhek Abílio,et al.  Condições de trabalho de entregadores via plataforma digital durante a COVID-19 , 2020, Revista Jurídica Trabalho e Desenvolvimento Humano.

[5]  Ana Carolina Guerra,et al.  Plataformização e trabalho algorítmico: contribuições dos Estudos de Plataforma para o fenômeno da uberização , 2020 .

[6]  Ludmila Costhek Abílio,et al.  Plataformas digitais e uberização: a globalização de um Sul administrado? , 2020 .

[7]  Ludmila Costhek Abílio Uberização: a era do trabalhador just-in-time?1 , 2020, Estudos Avançados.

[8]  R. Grohmann Plataformização do trabalho: entre dataficação, financeirização e racionalidade neoliberal , 2020 .

[9]  E. Egry,et al.  Técnicas que fazem uso da Palavra, do Olhar e da Empatia: Pesquisa qualitativa em ação; A Biologia na promoção da literacia científica. Bioliteracia como um desafio para a Escola , 2019 .

[10]  Antonio A. Casilli,et al.  The Platformization of Labor and Society , 2019, Society and the Internet.

[11]  J. Krein O desmonte dos direitos, as novas configurações do trabalho e o esvaziamento da ação coletiva: consequências da reforma trabalhista , 2018 .

[12]  Virgínia Fontes Capitalismo em tempos de uberização: do emprego ao trabalho , 2017 .

[13]  Renan Bernardi Kalil A Regulação do Trabalho via Plataformas Digitais , 2020 .

[14]  Abdallah Nouroudine Como conhecer o trabalho quando o trabalho não é mais o trabalho , 2011 .

[15]  Georges Canguilhem Meio e normas do homem no trabalho , 2001 .