Diferenciais de esperança de vida segundo estratos socioeconômicos

Introdução: A esperança de vida é um importante indicador das condições gerais de saúde da população. Com um recorte administrativo, geralmente adotado para a confecção da tábua de mortalidade, o indicador não expressa os diferenciais internos no tempo médio de vida neste espaço, caracterizado por condições socioeconômicas distintas. Objetivo: Estimar a expectativa de vida, para a população total e por sexo, segundo estratos socioeconômicos da área de residência das pessoas cobertas pelos Centros de Saúde do município de Campinas em 2005. Metodologia: Foram empregados os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos da Secretaria Municipal de Saúde. A população residente nas áreas de abrangência dos Centros de Saúde do ano de 2005 foi estimada a partir do método AiBi. Adotou-se como fatores de correção os calculados para o município de Campinas em 2005. A população moradora nas áreas de abrangência dos Centros de Saúde foi agrupada em 4 estratos sócio-econômicos, os quais foram construídos a partir dos seguintes critérios: percentual de responsáveis pelo domicílio com rendimento superior a 10 salários-mínimos (SM), percentual com menos de 2 SM, percentual com escolaridade superior a 10 anos e percentual com menos de 1 ano de escolaridade. Em cada estrato, havia aproximadamente 25% da população municipal. Resultados: A diferença entre o estrato considerado Alto e o Baixo atinge o patamar de 4 anos, ou seja, enquanto se espera que um recém-nascido da área de melhores condições socioeconômicas viva em média 76,9 anos, aquele nascido em áreas mais precárias terá apenas 72,5 anos de vida. A diferença maior entre os estratos ocorre entre os homens (4,5 anos). Conclusões: A esperança de vida de 74,7 anos da população de Campinas em 2005 não revela as desigualdades dos estratos socioeconômicos no tempo médio de vida. Há estreita relação entre a esperança de vida e as características socioeconômicas da população, apresentando certa correspondência entre regiões com condições de vida mais desfavoráveis e baixa expectativa de vida. A construção da esperança de vida por estratos socioeconômicos auxilia na compreensão do impacto da realidade socioeconômica sobre as condições de saúde.

[1]  M. B. Barros,et al.  [Suicide mortality: gender and socioeconomic differences]. , 2003, Revista de saude publica.