Saude do trabalhador : um estudo sobre as formações discursivas da academia dos serviços e do movimento sindical

A abordagem teorico-metodologica das relacoes entre Saude e Trabalho tem tido preponderância, entre nos, da visao adotada pela Medicina do Trabalho e pela Saude Ocupacional. Ocorre que, a partir do final dos anos 70, com a consolidacao e a militância do "novo sindicalismo" ligado ao proletariado urbano tal abordagem comeca a ser questionada por um outro "olhar" baseado nas formulacoes da Medicina Social Latinoamericana (MSL), atraves da ideia de determinacao social do processo saude/doenca e da central idade do trabalho nesta determinacao. Os reflexos da contribuicao da MSL sao observados tanto na Academia a qual abrese para ela, quanto nos Servicos de saude, que passam entao a incorporar a participacao dos trabalhadores organizados em sindicatos, os quais num movimento concomitante aproximam-se dos servicos publicos de saude, inaugurando um relacionamento democratico entre Estado-Sociedade, o que leva a criacao dos Programas de Saude do Trabalhador (PSTs) em meados dos anos 80. E a trajetoria deste movimento que contribui para a construcao do campo de saberes e praticas aqui denominado de Saude do Trabalhador que sera analisada neste estudo, a partir da Historia Arqueologica e da Genealogia de Michel Foucault. Considerando entao, as praticas discursivas da Academia, dos Servicos de saude e do Movimento sindical nos ultimos 30 anos, procurou-se investigar o grau de identidade que atingiu este campo, por referencia a Medicina do Trabalho e a Saude Ocupacional e seu nivel de "epistemologizacao". Tratou-se tambem de avaliar as perspectivas de seu desenvolvimento e limites, levando em conta a permeabilidade da producao academica as formulacoes da MSL em Saude e Trabalho e dos servicos na consolidacao dos Programas de Saude do Trabalhador na rede publica de saude. Ao lado disso, foi alvo de atencao o movimento sindical em consequencia da luta que empreendeu desde o final da decada de 70 pela melhoria das condicoes de trabalho e defesa da saude, que impulsionou a trajetoria. Buscou-se, ainda, avaliar as repercussoes que o campo trouxe para o ensino e a pesquisa academica na area da Saude Publica e da Medicina Preventiva e Social, bem como na formulacao de propostas programaticas nos servicos da rede publica. Conclui-se com a constatacao de um refluxo na atuacao sindical apos o "boom" dos anos 80, sendo que o momento atual marcaria um re-arranjo de estrategias; aliado a um retrocesso nas experiencias programaticas mesmo com a municipalizacao da saude. Ao nivel da Academia nota-se uma maior permeabilidade, com consequente maior visibilidade do campo nas praticas academicas de pesquisa em Saude Publica, quando comparadas com as de Medicina Preventiva e Social dadas as tematicas abordadas e a sua atualidade, fazendo pressupor ser este o espaco privilegiado, isto e, a Academia, no que diz respeito a perspectiva do crescimento teorico-metodologico do campo, o que nao prescinde do estimulo da atuacao sindical e dos servicos, que estariam atualmente em relativo descompasso quanto ao seu potencial de fazer avancar e crescer o campo da Saude do Trabalhador Abstract